5 de agosto de 2010

O MITO

Após boatos de falecimento, Tribuna encontra Paulo Borges

Verdadeiro mito na cidade está com saúde debilitada

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Natale Felipe, o famoso Paulo Borges, quando ainda não tinha a saúde debilitada
FOTO Ricardo Miranda

Natale Felipe mora na Rua Regente Feijó, no bairro Cidade Nova, e está com a saúde debilitada. Quem o vê hoje não enxerga a mesma figura indaiatubana que todos conheciam, com sorriso fácil, irreverência e simpatia. Quem o vê, visualiza um homem desgastado pelos problemas que enfrentou na vida, como o alcoolismo, com a saúde e mente frágeis e sem condições de diálogo. Como Natale Felipe este personagem pode não ser conhecido, mas como Paulo Borges é.

Diferente do que a maioria dos indaiatubanos acredita, Natale, ou Paulo Borges, declarado palmeirense fanático, nunca jogou futebol na Sociedade Esportiva Palmeiras, mas já vestiu a camisa do Esporte Clube Primavera. O “apelido” veio da semelhança do indaiatubano com Paulo Borges, ex-ponta-direita do Corinthians, Bangú e que também teve passagem pelo Palmeiras, nas décadas de 60 e 70. Na época do colégio, era aluno exemplar, com as melhores notas da sala.

Conhecido em Indaiatuba devido a sua presença nos jogos do Primavera, pela simpatia, bom relacionamento com os amigos e pelo gosto pelas bebidas, principal agente do sofrimento vivido hoje, a fama de Paulo Borges alcançou os limites da internet, com comunidades e até perfil em sites de relacionamento. A mesma fama fez com que o indaiatubano se tornasse protagonista de um boato que correu a cidade dizendo que estaria morto. A Tribuna chegou a receber ligações no início da semana questionando se ele havia mesmo falecido. Assim, a reportagem começou a busca por Paulo Borges.
Busca
Com o endereço de Paulo Borges em mãos, a Tribuna encontrou primeiro a irmã, que vive com a lenda indaiatubana. A dona de casa Maria Rita Felipe retrata bem quem é seu irmão. Pessoa simpática, tímida e simples, recebeu a reportagem e contou como anda a situação da família. Segundo Maria Rita, seu irmão está bastante debilitado física e mentalmente. “Ele não é mais o mesmo que todos conheciam, ele não consegue mais raciocinar direito, não fala coisa com coisa e está com muitos problemas de saúde”, revela.

Paulo Borges passou a apresentar há cerca de três meses distúrbios psicológicos que o levaram a ter acompanhamento e tratamento do Centro de Apoio Psicossocial (Caps) da Prefeitura. No dia 14 de junho, foi encaminhado ao Instituto de Reabilitação e Prevenção em Saúde Indaiá, o famoso Telhadão. Segundo a assistente social da instituição, Dirce Vacilotto, ele entrou com quadro de surto psicótico. “Ele estava com alucinações, dizia que ouvia vozes na cabeça e ficou aqui por dois dias e foi para o Haoc (Hospital Augusto de Oliveira Camargo) porque estava com pneumonia”, conta.

No hospital, segundo a assessoria de imprensa, Paulão, como é conhecido, ficou internado na ala masculina durante nove dias tratando da doença. Depois disso, segundo a dona de casa Mercedes Canale, vizinha há 40 anos de Paulo Borges, ele nunca melhorou, tanto física quanto mentalmente. “Ele começou a andar nu pela rua, fez isso umas três vezes”, lembra. “É difícil ver uma pessoa tão boa quanto ele ficar desse jeito, ele sempre foi simpático e receptivo com todos”, completa.

Paulo é levado ao Haoc pela reportagem
Ricardo MirandaPaulo Borges chega ao Haoc ao lado da irmã Maria Rita na manhã de quinta-feira, dia 29
A Tribuna encontrou Paulo Borges na quinta-feira, dia 29, pela manhã, enquanto entrevistava sua vizinha e sua irmã. Uma cliente de um pequeno mercado nas proximidades avisou que ele estava no local e não se sentia muito bem. A reportagem acompanhou a irmã até o estabelecimento e viu um Paulo Borges magro, debilitado física e mentalmente, pouco lúcido e reclamando de dores abdominais. Ele foi colocado no carro da reportagem e levado ao pronto-socorro do Hospital Augusto de Oliveira Camargo (Haoc).

No caminho, nas poucas palavras que conseguia pronunciar, Paulo Borges balbuciava que “não tinha mais nada dentro dele” e que havia parado de ingerir bebida alcoólica. De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, Paulo Borges foi liberado por volta das 12 horas e recebeu medicação para a dor estomacal que sentia.

Segundo o comerciante e também vizinho Cacildo Moretti, Paulão é uma figura muito querida por todos. “Ele sempre teve o carinho de todos, trata todos de uma forma muito gentil e é realmente penoso ver como está a situação dele atualmente”, conta. “Ontem (quarta-feira, dia 28) ele estava à noite, aqui do lado do mercadinho completamente sem roupa, também reclamando de dores”, conclui.
Segundo a Assessoria de Comunicação Social da Prefeitura, a Secretaria Municipal da Família e do Bem- Estar Social enviará uma assistente social para levantar os problemas existentes na família de Paulo Borges na tentativa de auxiliá-los no que for possível.

Assim, o boato sobre a morte cai e a lenda indaiatubana, Paulo Borges, se mantém viva, em pessoa e na memória dos indaiatubanos.

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Matéria copiada na íntegra do JORNAL TRIBUNA DE INDAIÁ

Gostaria de agradecer o Rodrigo Gatti


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